Era 19 de março quando um pensamento veio à mente de Wesley Barbosa, ex-executivo do Facebook e ex-sócio da XP Investimentos: quem vai ajudar o feirante de rua a fazer delivery durante o isolamento social? Na mesma hora, ele ligou para os amigos Clarissa Antunes, especialista em marketing digital, e Luís Alberto Cabús, empreendedor e desenvolvedor, com a ideia de criar um marketplace gratuito para colocar os pequenos comerciantes online – já que eles seriam os maiores prejudicados com a quarentena.
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“Tínhamos uma base de software da minha empresa de uma varejista que não era escalável e foi criado para apenas uma loja. Por duas semanas trabalhei, e ainda estou trabalhando, dia e noite para criar a primeira versão do site. Depois conseguimos voluntários técnicos que me ajudaram a colocar o marketplace no ar”, conta Luís, responsável pela tecnologia do projeto.
Em um mês nascia o www.institucional.ajudeopequeno.org, um projeto sem fins lucrativos que tem como único objetivo ajudar os pequenos comerciantes que estão sem faturamento devido ao isolamento social. O site conecta o comprador ao vendedor e não cobra nenhuma taxa do pequeno comerciante. E para ajudá-los nesse processo de entrada no mundo digital ainda conta com parceiros – também voluntários – como o Sebrae, por exemplo.
O site funciona de forma simples. Existe uma interface para o vendedor e outra para o comprador. O pequeno comerciante cria sua loja dentro do site, gratuitamente, cadastra produtos e escolhe a forma de pagamento. O painel tem um passo a passo e a loja fica ativa automaticamente após o cadastro completo.
O cliente, por sua vez, também se cadastra, escolhe o fornecedor de que quer comprar e a forma de envio do produto. Por enquanto há a possibilidade de entrega pelos Correios ou retirada na loja, mas Luís conta que eles estão trabalhando para conectar à plataforma um serviço de delivery. Além disso, estão adicionando um serviço de CRM para que o comerciante gerencie suas vendas e se comunique com os clientes.
“O comerciante pode ser formal ou informal e de qualquer área, mas precisa cadastrar o mesmo CPF da conta bancária na plataforma. A Stone (Fintech brasileira de meios de pagamentos) é nossa parceira para que o pagamento seja feito direto para o lojista e nos ajudou oferecendo uma taxa super em conta. Já o Sebrae atua como guia para formalizar os negócios ainda informais”, explica o head de tecnologia. O Canaltech também integra a lista de parceiros e está colaborando com a divulgação do projeto.
Olhando para o amanhã
Tanto Luís, quanto a Clarissa e o Wesley estão trabalhando como voluntários e até investiram do próprio bolso para que o projeto fosse ao ar. Além deles, o Ajude o Pequeno já conta com outros 128 voluntários cadastrados e 40 deles já trabalham ativamente nas frentes de comunicação e tecnologia. “O board é composto por quatro pessoas que criam as estratégias, mas não temos hierarquia. Somos voluntários que trabalham por um bem comum. Levamos nossas ideias e cada um faz uma parte. Eles também dão sugestões entre si”, esclarece Clarissa.
Mesmo após o período da quarentena, a ideia é continuar como uma ONG e de forma gratuita para o comerciante. Os voluntários, no entanto, passariam a ser funcionários. “Desde o início do projeto sabíamos que o comerciante não poderia ser cobrado nunca. Nossa ideia agora é encontrar parceiros de investimento e construir estratégias de monetização para manter a plataforma sem custo, mas pagar salários para a equipe”, diz.
Até o momento da entrevista (26/04), haviam 2.300 pessoas cadastradas no Ajude o Pequeno, entre comerciantes, clientes e voluntários. Mas a divulgação do projeto ainda é o maior desafio. É preciso espalhar aos quatro ventos a iniciativa para que até o menor dos vendedores saibam da plataforma e consigam vender através dela.
“Estamos em todos as redes sociais, Instagram, Facebook, Linkedin e Youtube… fazemos podcast e estamos formando uma rede de colaboração na divulgação da ideia. Estamos fazendo lives, campanhas em vídeo e fomos apadrinhados pela UNIDO, uma agência especializada da ONU no Brasil, que tem disseminado informações do projeto em seus próprios canais”, finaliza a head de comunicação.
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